quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Durmo


Mergulho na escuridão,
que consome toda a luz,
donde nada sobressai,
mas onde tudo me seduz,
e eis que a noite cai,
e mergulho em solidão.
E vejo lá no fundo,
onde nunca ninguém vai,
lá onde se escondem os sonhos,
que movem o mundo,
onde a luz sobressai,
e os demónios são risonhos.
Um ânimo para a alma,
que afasta os demónios,
uma esperança que não é vã,
e me traz a calma,
que só existe nos sonhos,
na certeza de um amanhã.
Mas há uma voz que me chama,
apenas uma vaga esperança,
num momento muito breve,
enquanto durmo na minha cama,
a minha alma dança,
flutuando ao de leve.
Para a voz que me chama,
para onde nunca ninguém esteve,
é uma voz que me seduz,
dizendo que me ama,
afastando-me da luz,
vou deixando que me leve.
Afasto me da minha cama,
e de tudo o que conheço,
vejo o meu destino cumprido,
assim que adormeço,
e avanço destemido,
para a voz que me chama.
Mas só escondo o medo,
neste caminho sem sentido,
onde há uma voz que me inflama,
mesmo que me sinta perdido,
dizendo que me ama,
e ao ouvi-la eu cedo.
Afasto me da minha cama,
mas não fujo ao destino,
que vejo lá ao fundo,
onde não arde nem uma chama,
no fundo mais profundo,
e que me faz sentir pequenino.
No meio desta imensidão,
assim adormecido,
longe do mundo,
no fundo mais profundo,
vejo o meu destino cumprido,
quando mergulho na escuridão.

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